Eco
por Robson Bezerra
Que atire a primeira, a segunda e até
mesmo a terceira pedra, quem nunca ouviu algum padre, pregador,
senhoras piedosas ou jovens encantados nos dizerem: É preciso ser
santo!. Tais palavras soam como um eco que se repete nas nossas
igrejas e demais ambientes onde nos encontramos para celebrar a nossa
fé. Tal eco se tornou mais intenso na JMJ, onde três milhões de
jovens gritavam para o mundo: queremos ser santos!. Este eco sem
dúvida permanece hoje em nossos corações, não duvido. Eu mesmo
ainda tenho problemas para dormir por causa dele, basta apagar as
luzes, deitar-me e, no silêncio mais profundo, onde se pode ouvir as
batidas do próprio coração, eu ouço o tal brado de santidade
vindo de dentro, me cobrando. Logo depois da JMJ tais murmurações
do coração me deixavam na mais deliciosa insônia. Hoje, quase dois
meses depois, reviro-me um pouco e logo durmo, ainda com certo
incômodo.
Insônias à parte, todo eco aos poucos
vai desaparecendo depois de algumas repetições. Atire a quarta
pedra quem nunca fez a experiência de gritar alguma coisa em algum
lugar, uma caverna ou uma montanha, ou – para nós um tanto mais
urbanos – uma quadra da escola – ou da nossa Matriz – e
pudemos ouvir o eco de nossas palavras, sumindo, indo, indo... Bem,
no caso do tal eco “é preciso ser santo”, pode acontecer o
mesmo. E acontece. Alguém vem e grita em nós aquele grito que nos
invade e preenche o nosso vazio com o som “santidade, dade,
ade...”. Após algumas repetições tudo some.
Caros amigos, para manter tais palavras
gravadas em nós é preciso dizê-las constantemente a nós mesmos,
gritá-las em todos os dias dentro de nós, pois no dia em que
pararmos de dizê-las a nós mesmos, tal como o eco, desaparecem. E
pior, no vazio do nosso coração, outras palavras gritadas pelo
espírito mundano, contrário a Deus começarão a fazer também seus
ecos em nós, com o pesado detalhe de que o mundo grita mais alto e
mais frequentemente tais palavras de perdição.
“A boca fala do que o coração está
cheio”, disse Nosso Senhor Jesus Cristo, enchamos nossos corações
com a voz do Senhor, que nos abrasa, assim seremos propagadores da
palavra de Deus. Quem sabe, ao nos ouvir, algum coração vazio
também seja invadido por palavras que dizem “santidade”.